quarta-feira, 17 de novembro de 2010

sobre os eternos Peter Pans

Ilustração de Peter Pan, em Peter and Wendy, 1911

É engraçado verificar que, de todos os meus amigos, contam-se pelos dedos de uma mão aqueles que já saíram de casa dos pais e que têm uma vida minimamente estável em termos financeiros e emocionais.

A quantidade de Peter Pans  que por aí anda é impressionante. Apreciam a sua liberdade, gabam-se do conforto da casa dos pais, aproveitando bem o prolongamento da adolescência até aos 30, que hoje em dia se tornou tão aceitável. Recusam-se a sair, mesmo que seja para ir viver em conjunto com dois ou três amigos, simplesmente porque é mais fácil ficar por casa.

Estes são os mesmos Peter Pans que, por viverem até demasiado tarde com os pais e por adiarem a idade adulta indefinidamente, vão fechando os olhos aos problemas reais que assolam o País, até porque não os sentem na pele. No máximo, sentem um nervoso miudinho, porque noites sem dormir a pensar em como vão ter que comer no dia seguinte… não me parece.

Pergunto-me muitas vezes o que falta à minha geração para ter a coragem que a dos meus pais teve. Porque continuamos com os mesmos governantes porque independente de quais sejam, são os mesmos, com os mesmos problemas e com o mesmo sistema? Ouvem-se algumas vozes tristes que choram pelo regresso do fascismo memórias curtas, outras que dizem que isto está muito mau, outros dizem que os políticos do governo deviam ser de lá retirados à bomba… mas é só. Não há alternativas reais.

Não há iniciativa, não há a capacidade para dar o primeiro e derradeiro passo, andamos todos cheios de vontade de rebentar com coisas, mas ninguém o faz. Porquê?

Porque se contam pelos dedos de uma mão os meus amigos que já saíram de casa dos pais e que têm uma vida minimamente estável.

Porque estamos rodeados de Peter Pans que ainda acreditam estar na Terra do Nunca. Uma geração de bebés engravatados que julgam que fazer 18 anos é apenas sinónimo de ter carta e carro à borla.

E eu podem perguntar porque é que eu, se tenho tanta vontade, não faço alguma coisa? Porque, embora já tenha saído de casa e tenha os olhos abertos para alguns assuntos, sinto que, se desse um passo em frente, não tinha ninguém que me acompanhasse. Ora, aquilo que faz um líder não é a pessoa que toma a iniciativa, mas sim as duas pessoas que primeiro resolvem acompanhá-la.

Por isso, quem é que se chega à frente? Eu acompanho-o.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

muro das lamentações



Neste fim-de-semana apercebi-me de que não escrevia no meu diário há mais de dois anos. Tenho uns 5 ou 6 volumes de diário, caderninhos bonitos a rebentar pelas costuras, uns a desfazer-se mais que outros, uns mais pessimistas, outros mais sonhadores, mas todos muito repetitivos. 

Quando for velhinha e não tiver vergonha, mando publicar. 

Uma pessoa deve sempre manter um diário, ou vários, como eu. Lê-los ajuda-nos a não repetir erros do passado, ou simplesmente faz-nos dar umas boas gargalhadas.