segunda-feira, 29 de março de 2010

renego mais que tudo


(photo by me)


Refiro-me à cambada de acéfalos vestidos de preto que veneram uma estética vazia e desligada da vida real, enraizada na figura do grande Opositor, mas incapazes de fazer oposição seja a o que for.

De olhos fechados mas ouvidos bem abertos, gostam de chocar tudo menos novas ideias. Parados no tempo, acusam de "vendidos" ou "banais" a quem prefere deixá-los para trás. Maniqueístas devotos, dependem daquilo que contestam para dar algum sentido à sua "causa".

Acontece que o que eles contestam está morto desde 1888 e o que Dele resta agora é uma organização hipócrita, de pedófilos, ricos e mentirosos, que se arrependem dos seus pecados com alguns séculos de atraso. Mas não faz mal porque o arrependimento é a chave para os portões do Paraíso, ainda que só aconteça minutos antes de darmos o nosso derradeiro suspiro.

E o que resta podia ser contestado, há formas de o fazer. O seu representante máximo vem a Portugal em Maio, mas quando proponho um protesto num fórum mesmo mesmo trve, mandam-me "comer merda às colheres" e brincam com o assunto, dizendo que até "gostam de papa"...

E então eu pergunto-me: será que as vítimas também gostaram da "papa"?

Por isso, renego-vos. A todos que empregam os símbolos em vão e que acham que parecer do contra é suficiente. Não preciso de vocês, não preciso dos vossos ajuntamentos, não preciso da vossa estética gasta e aborrecida, nem preciso das vossas mentes medievais. Sim, medievais com sentido pejorativo. Irritem-se à vontade. Julgam-se ovelhas negras e na verdade são... um rebanho delas.

Assim, e salvo honrosas excepções: adeus.

5 comentários:

um cigarro. disse...

mais do que a cor da roupa ser associada a algo oposto, os símbolos do contra, as músicas anti-qualquer coisa, está um pensamento e uma mente a favor. a favor do progresso, a favor da (r)evolução.
há uma coisa simples que, toda a gente!, tende a querer contrariar, mas que é inevitável: quanto mais queremos ser diferentes, mais nos tornamos iguais.

as pessoas têm que aceitar que, inevitavelmente, somos diferentes uns dos outros. e, a meu ver, só nos temos que unir para coisas úteis e para bem de uma sociedade, de um mundo. não faz mal não querer pertencer a grupos, não faz mal não querer vestir de preto para afirmar que gosto de rock ou metal. não faz mal não ter tatuagens nem piercings, não faz mal não vestir a roupa da moda, não faz mal dizer a verdade. não faz mal apreciar mais a mente e o poder dela do que as roupas catitas e os berlicoques da moda. não faz mal.

sabes, cansei-me de evitar ferir susceptibilidades. cansei-me das pessoas que se vestem de determinada forma ou ouvem determinadas músicas só porque acham que fazem parte de uma coisa contra. a mim parece-me - e isso irrita-me! - que seja mais uma coisa "não tanto a favor". e tantos "nao tanto a favor" obriga-os a fazerem parte de um mesmo grupo. os que, supostamente, são tão contra mas que são todos a favor de o serem.

desculpa se pareço confusa :x
com o tempo fui-me aperfeiçoando na arte da língua afiada e da crítica (constructiva).

por isso gosto de saber que há mais pessoas, na sua diferença de mim,que renegam mais que tudo.


*

chinfrim disse...

Comentários destes é que eu gosto :D confuso ou não, deu para perceber o teu ponto de vista e concordo plenamente, daí ter dito que também eles se transformaram num rebanho. De tanto querer ser diferentes, tornam-se todos iguais. E não seremos todos nós?

Infelizmente (ou não) não há grande escapatória em relação ao sermos "apenas mais um" em milhares. Acho que aquilo que nos pode realmente diferenciar é a capacidade para perceber isso. Diferentes, iguais, who cares?

O importante é que deixemos de olhar para o nosso umbigo e comecemos a ver o que realmente importa. É meio caminho andado para nos "unirmos para bem de uma sociedade, de um mundo", como disseste.

Merci *

Wolfclaw disse...

Não podia concordar mais.
Conta comigo caramba.
Gostei bastante deste teu texto.
A falsidade existe em todo lado.
A vinda do nazi ao nosso território deveria de ficar registada como uma afronta.

Wolfclaw

Anónimo disse...

Renegar e recomeçar,acontece todos os dias,a todos e sempre...ou viver não fosse um fluxo contínuo e eterno,um vai e vem de convicções/posições que são e deixam de ser.Penso que crescemos e diminuímos todos os dias.O segredo estará em crescer mais do que diminuir?
O que escreveu e bem,é justo e pessoalmente estou muito de acordo,com 2 ou 3 reservas.
Ele há grupos,seitas,designe-se como aprouver,que vivem para e uma finalidade e que se alimentam da mesma,esgotando-se num exercício de canibalismo,que os torna obsoletos.
Não se deve concluir que a pertença a um colectivo ideológico,com os seus símbolos de identificação e rituais,constitua "tout court" uma perda de tempo,algo absolutamente desnecessário(não é "um cigarro"??).As iniciativas individuais sim,o individualismo acho que não!
A outra reserva,é a que diz respeito à religião,neste caso a Igreja Católica.
Devo-lhe dizer que sendo velho e ateu,duas qualidades no seio dos meus muitos defeitos,nada me compromete com papas,homens santos,rabis ou califas.
Mas,a sua avaliação da Igreja é pouco objectiva.A Igreja não está de modo nenhum morta e não é um couto de pedófilos e outras coisas que lhes chama.
Onde é que você encaixa as centenas de milhares de pessoas,na maioria jovens,que acorriam a João Paulo II e também ao actual papa?E já agora diga-me lá se acha "morto", a acção social e humanitária que os católicos,padres e leigos,levam diáriamente a cabo nos 5 continentes?
Há pedófilos,hipócritas,mentirosos e etc na Igreja?...HÁ!E nos médicos,advogados,jornalistas e etc?...TAMBÉM HÁ!Isto não faz com que todas as áreas profissionais,instituições e por aí fora,sejam aquilo a que você reduz a Igreja e os padres,pois não?Não se deve tomar a parte pelo todo,não acha?
Finalmente,quero-lhe dizer que, ainda bem que renega,que se revolta,que tem a coragem de tornar público isso mesmo e que ao lê-la e a "um cigarro",fica-me a certeza de que não estamos tão mal entregues como por aí se diz!

INTRUSO VELHO E ATEU

um cigarro. disse...

o ser humano distingue-se do animal por algum motivo (diz-se que é a inteligência), mas às vezes questiono-me se alguns a têm e até que ponto a usam.

eu sempre vivi rodeada de muitas (!!!) coisas muito (!!!) diferentes - os meus pais nasceram em África, cresci a ouvir Rock pelos meus irmãos mais velhos, namorei com um metaleiro, uma amiga com rastas, outra "patricinha", outra mandada pró electro e música electrónica, a minha prima gosta de hip hop.

resumindo: se fosse a vestir-me para me afirmar de tudo aquilo que sou, imagina: uma rasta de polo e sapato de vela preto, com correntes, com boné de lado e a dizer 'dama'. (com todos os preconceitos associados, obvio.) (que não quer dizer que os tenha, mas é sempre mais fácil para se tornar gráfico.)


às vezes acho que cresci depressa demais, e que todas estas modas e faltas de personalidade, associadas a crises existenciais, mexem um bocado comigo.

whatever. é o mundo.

*