quarta-feira, 26 de maio de 2010

estamos todos a morrer


Campas visitadas e tragicomédias na Comuna serviram para me lembrar mais uma vez de que daqui a uns anos na melhor das hipóteses porque destas coisas ninguém sabe estamos todos a fazer tijolo. Principalmente quando a campa nunca tinha sido visitada antes, em quase 20 anos, e quando lá chegamos temos a sensação de que já fomos tarde, ele já partiu e, mais uma vez, não houve adeus nem pedido de desculpas.

O que acontecerá nesse momento em que fechamos os olhos? Será uma eternidade de vazio, um sono sem sonhos, não confortável mas dormente, a ausência de tudo, o nada, o nunca... para sempre? Ele contou à minha mãe que viu um túnel e uma luz lá ao fundo, quando teve um dos acidentes. Será que é mesmo assim? Espero que sim.

E espero que continuemos eternamente, sob uma forma qualquer, que haja qualquer coisa, que tudo isto não seja um enorme desperdício. Porque é isso que me faz confusão: tantas emoções, tantas experiências, tantas memórias, tantos sabores, construções, histórias, avanços e retrocessos, tantas lições... e para quê? Para depois acabar tudo num nada infinito, desperdício eterno?

Custa-me a acreditar que assim seja. A natureza é demasiado perfeita para tamanho absurdo. Tudo se recicla, até nós how they survived so misguided is a mistery aprendemos a reciclar, como o chimpanzé do anúncio. As almas também têm de se reciclar, só pode.

Mas agora com a clonagem e coisas que tais tudo fica mais difícil... será que um ser fabricado geneticamente tem alma? Isso veio complicar tudo na minha cabeça, ainda mais.

E outra coisa que me faz muita confusão é ver e viver que há pessoas como eu que perdem tempo a pensar nisto, neste dilema que nunca há de ter resposta. Nunca. Mas pensam e repensam na morte, todas as semanas. Na sua morte, na morte da mãe, na morte do pai, na morte do cão, na sua morte outra vez. E pensam no medo e têm medo mas felizmente já não têm medo de ter medo.

E sentem-se idiotas por estar a perder tempo da sua vida... a pensar na morte.