sexta-feira, 25 de maio de 2012

chinternacional

O meu blogue internacionalizou-se... a ver se o chinfrim chega ao outro lado do oceano. Está aqui. Se encontrarem alguma calinada no inglês avisem.


And in case I don't see ya, good afternoon, good evening and good night!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

o terror da esquerda

Há tempos escrevi sobre a falta que nos faz uma Esquerda mais unida em Portugal, sobre como o Partido Comunista está preso a dogmas antigos e o Bloco de Esquerda se recusa a aproximar-se dele, criando uma cisão que dificulta a luta por uma sociedade mais justa e igualitária. A juntar a estas dificuldades, ultimamente tenho assistido, perante tanta convulsão social e tanta discussão online, a um autêntico terror da Esquerda. E a uma verdadeira guerra entre Esquerda e Direita, mesmo nos assuntos mais prosaicos. 

Por todo o lado saltam comentadores furiosos contra a "gentalha de esquerda" que "não quer trabalhar", recordando com horror os tempos da União Soviética mal ouvem palavras bonitas, de esperança como "fraternidade", "justiça social" ou "distribuição de riqueza". Se alguém fala em fraternidade, deve ser da maçonaria (que, de repente, se juntou ao rol de odiados pelos portugueses), se falam em "justiça social" são socialistas, tipo Mário Soares, cambada de chupistas que vive para o "tacho"; e, credo, se mencionam a "distribuição de riqueza" então, são perigosos comunistas, alvos a abater.

Por isso pensei em abolir deste blogue (e do meu discurso político em geral) palavras como "capital", "classes", "trabalhadores" ("operários" então, deus me livre), e coisas que tais, que possam servir para me rotularem imediatamente de "comuna", pois nessa altura metade dos meus interlocutores desliga e passa à estratégia do "não estou a ouvir porque podes ter razão e eu não quero". 

Acredito que a nomenclatura devia ser alterada, porque a de agora só serve para confundir e fazer disparar alarmes nas cabeças das pessoas, impossibilitando qualquer diálogo razoável. Por isso li e assinei o Manifesto Para Uma Esquerda Livre com dois sentimentos: primeiro, identifiquei-me com os valores descritos e com algumas das pessoas que os escreveram; mas depois tive medo. Medo que a bandeira da Esquerda seja suficiente para que muita gente lhe vire a cara. Medo que as pessoas não consigam ver para lá do ódio que têm em relação a fracassos do passado. Sim, as ditaduras de extrema esquerda existiram e não podem nunca ser esquecidas, mas acreditam mesmo que a Esquerda atualmente tem esses desígnios na manga? As ideologias, tal como as pessoas, evoluem, mudam, não são estanques. 

Falar-se em partidos ou ideologias de Esquerda já não devia ser sinal de alarme, principalmente quando as políticas de Direita estão bem à vista de todos... quanto a essas não há dúvida nem esperança possível: são o que são. Já quanto à implementação de verdadeiras medidas de Esquerda, como a medida "populista" (saltaram logo os comentadores) de Hollande ao reduzir os salários do Governo, há. Há dúvidas sim... mas ainda há esperança. Assinam?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

a saga pingo doce

Eu tinha prometido não escrever sobre isto, mas... não dá. Deixo a minha opinião para quem continua a achar que a campanha não teve nada de mal, ou que até foi muito bem conseguida e um verdadeiro presente para todos os portugueses dado por esta grande instituição de caridade que é o grupo Jerónimo Martins.

A notícia hoje, de que os trabalhadores serão remunerados em 500% pelo dia 1 de Maio, foi a gota de água para mim. As pessoas infelizmente não conseguem ver além do seu próprio umbigo, só assim se explica não se indignarem com esta forma de manipulação. 

Os trabalhadores receberam 500%, e ainda bem, mas isso não anula a pressão exercida (por este Grupo e não só) sobre os produtores nacionais, para venderem cada vez mais barato aos distribuidores chupistas. Não anula o facto de o Pingo Doce pagar os seus impostos na Holanda, cuspindo na cara de quem o alimenta (os portugueses). E não anula o facto de ter escolhido este dia em particular para realizar a grande campanha.

Porque, repare-se, mesmo que a escolha do dia não tenha sido propositada, pareceu um ataque (disfarçado, é certo) das grandes fortunas contra os trabalhadores e contra o seu direito de se manifestar. Pareceu um "vocês trabalham quando eu quero, porque pago-vos 5 vezes o vosso ordenado miserável, julgam que saíram beneficiados mas eu ainda fico a ganhar". Pareceu um "neste dia simbólico para todos os trabalhadores portugueses, e que pode servir para vos lembrar das condições que merecem e não têm, eu vou encher os supermercados e celebrar o consumismo alarve". 

Acentuei pareceu porque, obviamente, ninguém pode apontar o dedo com certezas absolutas à Jerónimo Martins (ainda para mais perante medidas tão "boazinhas" como o salário a quintuplicar). Mas nos tempos que correm, como alguém me ensinou e muito bem, já não basta ser, é preciso também parecer! Ou seja, o Pingo Doce tinha obrigação de saber ao que vinha. As possíveis implicações deviam (se não foram) ter sido pensadas lá pelos grandes estrategas que magicaram a campanha. E isso sim é criticável. Porque para muita gente, como eu, a dúvida, a possibilidade de manipulação, a hipótese remota de isto ser uma forma de promiscuidade entre interesses económicos e políticos disfarçada de caridadezinha, é mais que suficiente para nunca mais lá pôr as patas.

Resumindo, o Pingo Doce com 500%, de uma só penada, cala as vozes contestatárias, mostra-se muito filantropo e amigo dos portugueses e tapa os olhos a quem não consegue nem está interessado em ver além do seu micro-universo. 

O que fizeram foi bom, sim, foi bom para uma minoria: os que usufruíram dos descontos e os trabalhadores do supermercado, que são, pelo que leio, bem tratados. Mas foi mau, muito mau, para todos os outros portugueses: para os de esquerda, para os de direita, para a economia do país e para o futuro de todos, incluindo daqueles que agora se julgam muito beneficiados. É tudo uma questão de ver o filme todo e não só o seu universo pessoal; de ver o amanhã e não só o aqui e agora. Got it?

quarta-feira, 2 de maio de 2012

dead social

Li hoje acerca de uma nova rede social, a Dead Social, que permite agendar mensagens de forma a que sejam publicadas no nosso perfil do Facebook depois de morrermos. Para que nada fique por dizer! podia ser o slogan da coisa Uma ferramenta genial, para alguns, mas que levanta uma série de questões éticas... vejamos.

Em primeiro lugar, se a plataforma for usada para fins menos simpáticos, nem imagino a quantidade de traumas que pode vir a suscitar. Por exemplo, não seria agradável à Julieta ver uma mensagem póstuma de Romeu que dissesse "Nunca te amei, és uma chata e só andava contigo pelo dinheiro dos Capulet." Ou "A tua irmã é muito boa", ou "Fui eu que matei o teu piriquito", ou coisas igualmente escabrosas. Quero com isto dizer que há segredos que devem mesmo ir connosco para a campa... e de repente ter a possibilidade de libertar o caos na vida dos que cá ficam, sem ter de lidar com as consequências e à distância de uns quantos cliques, parece-me... errado.

Depois, temos a tão frequente questão do roubo de identidade. Ora imagine-se que a Maria Joaquina morria e tinha deixado preparada uma mensagem de amor para os seus netos. Mas ignorava o facto de que a sua rival, Maria Antónia, já tinha conseguido aceder à sua conta e alterado o texto para uma série de barbaridades... Nada bonito.

E ainda há a questão da garantia de satisfação do serviço. Quem nos pode garantir que a mensagem será, de facto, entregue e em boas condições, se o autor da mesma já não está entre nós? Segundo o que li, o site permitirá aos familiares/amigos do falecido "desbloquear" as mensagens, depois da sua morte. Mas... quem nos garante que foi mesmo aquilo que ele escreveu? E se alguém se lembra de desbloquear a coisa antes do tempo e gera o pânico entre os que desconhecem o erro?

Enfim, toda a ideia me parece grotesca, macabra, mas também é verdade que pode ser uma forma interessante de nos eternizarmos. Ou não. Não sei, o que acham?