quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

o fim do horário nobre

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A propósito de famílias particularmente conflituosas, como é o caso de alguns veios da minha, no outro dia ouvi uma coisa numa aula que me fez pensar.

Os tempos estão a mudar, ou melhor, mudaram. Uma certa ramificação da minha família está a viver um choque de gerações complicado. Os quatro miúdos, agora com 18-25 anos, não se revêem nos pais. Os pais não reconhecem os miúdos.

Não há confidências - aparentemente não há confiança para isso. Não há sequer conversas. A não ser aquelas que são obrigatórias, à mesa, sob ameaças de abandono ou de serem postos fora de casa. Nesta família, os tempos de calmaria intercalam com temporais de berros e com momentos de silêncio constrangedor.

Então mas porquê? Eu gosto muito desta pergunta. Porque os tempos estão a mudar, ou melhor, mudaram - e, entre muitas outras mudanças, o horário nobre acabou.

As famílias adquiriram novos hábitos, desenvolvidos por vezes pelos mais novos, como é natural. Dos curtos serões em torno da rádio, passámos aos mais longos em frente à televisão. E daí passámos ao "acabou-o-jantar-vou-para-o-computador".

O "fim do horário nobre" pode ter tido efeitos poderosos nas agências de publicidade, a quem antigamente bastava preencher 30 segundos dos "reclames" para conseguirem vender o seu peixe. Mas também teve efeitos poderosos nas dinâmicas familiares - veio criar um fosso entre pais e filhos, que antes se sentavam todos juntos e discutiam assuntos comuns. Dias e dias sem "assuntos comuns" têm um resultado inevitável: filhos e pais tornam-se desconhecidos, os pais cada vez mais desinteressantes e os filhos cada vez mais desinteressados.

Como ultrapassar, então, o fosso criado? O salto tem de ser dado pelos pais. Não peçam aos filhos para se voltarem a sentar em frente à televisão. Não lhes peçam para acompanhar a novela convosco. O horário nobre acabou.

Terão de ser vocês a sentarem-se junto deles. Como? 

Criem uma conta no Facebook. Vejam vídeos no YouTube. Descubram o que é o Tumblr, o Foursquare ou o Digg. Enviem-lhes um e-mail com um vídeo engraçado de vez em quando. Mas não se tornem spammers, nem stalkers já agora... não se ponham a comentar perfis como se não houvesse amanhã. Escrevam num blog! Entrem no mundo dos vossos filhos, já que eles não querem ter muito a ver com o vosso. No fundo, actualizem-se!

Parece-me que enquanto não aceitarem que os tempos mudaram e vocês também têm de mudar, enquanto não reconhecerem que o horário nobre acabou... os vossos filhos não vos vão dar mais tempo de antena.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

jovens velhos

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Uma pessoa mantém-se jovem enquanto conseguir aprender coisas novas, mudar os seus hábitos e aceitar pontos de vista diferentes do seu. 

O que não significa que tenhamos de gostar dos de toda a gente.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

be my best friend and I'll love you forever

No outro dia recebi uma mensagem bonita pelo Facebook que falava sobre os amigos que temos ou tínhamos e a dificuldade que parece haver hoje em dia em mantê-los. Identifiquei-me bastante com a mensagem. Nestes últimos anos não foram raras as vezes em que pensei, com tristeza, "another one bites the dust".

Parece que, se temos muita facilidade em perdoar as desavenças com os namorados/as, temos a mesma dificuldade em fazê-lo quando se trata de um amigo ou amiga. E não devia ser assim, pois sempre ouvi dizer e disse que os homens vêm e vão, mas as amigas são para sempre.

Sejam desentendimentos, palavras mais duras, o dizer a nossa verdade e por vezes a verdade de todos os outros mas que mais ninguém se dá ao trabalho de afirmar ou simplesmente o rumo da vida... é um facto que a maioria dos meus amigos de ontem já não são os de hoje.

Éramos amigos de infância, crescemos, mudámos e quando dei por isso, não tínhamos nada em comum.
Por isso às vezes gostava de dizer que já não me apetece estar com eles, que as conversas não mudam, que eles não evoluíram, ainda têm as mesmas preocupações que tínhamos aos 16 anos, tornaram-se aborrecidos e mortiços umas múmias como alguém os descreve. Acredito que as suas vidas sejam interessantíssimas, mas quando se combinam com a minha, o resultado fica aquém das expectativas. It's not you, it's me. Maybe.

Gostava de dizer isto tudo ou partes disto tudo, mas se já o fiz uma vez recentemente, e não disse tudo, já foi demais e já me arrependi. Por isso o melhor é ficar calada, mesmo que os meus amigos de ontem já não sejam os de hoje...

Talvez sejam os de amanhã.