sábado, 17 de abril de 2010

sobre a força das mulheres


(photo by me)


Há tempos vi um post no mural de uma amiga minha, a queixar-se do aspecto de "prusti freak" e de "prusti fat-ass desconjuntada" de duas cantoras que se uniram recentemente numa música sobre a chatice que é ter de atender o telemóvel quando se está a dançar na discoteca.

Letra da música à parte, isso pôs-me a pensar (isto é um bocadinho "à Carrie Bradshaw", mas eu gosto): essas duas cantoras representam, para muitas adolescentes (e não só), o protótipo da mulher moderna. Não são o que "devíamos" ser mas são, no fundo, o que gostaríamos de ser: fortes, independentes, com um espírito livre (cause I'm a free bitch baby!)... mas também... com ar de prostitutas?

Estará a força das mulheres de hoje ligada apenas à sua capacidade de sedução? Que é feito da inteligência, ambição, espírito visionário...? Porque é que as mulheres que mostram esses atributos tendem a ser vistas como um pouco masculinas? E quais serão os sentimentos das mulheres em relação a esse estereótipo de "mulher livre = mulher libertina"? Não gostaríamos nós de nos rever em imagens menos "prusti"?

Vivemos numa era em que, mais que nunca, o sexo vende. E se vende, os homens compram. Mas não estaremos nós a vender barato?

Este tipo de poder feminino é, na verdade, uma ilusão de poder. Porque implica sempre um certo "esforço" para o concretizarmos. A não ser nos casos em que a mulher é naturalmente deslumbrante, esse esforço concretiza-se em dietas, tratamentos anti-celulite, horas no solário e outras tantas em frente ao espelho, com a base a entupir-nos os poros, o enrolador de pestanas a entalar-nos as pálpebras, o rimel a furar-nos um olho e o alisador de cabelo a queimar-nos a testa!

Este tipo de poder é, na verdade, outra forma de escravatura. Mas poderemos nós fugir-lhe?