quarta-feira, 2 de maio de 2012

dead social

Li hoje acerca de uma nova rede social, a Dead Social, que permite agendar mensagens de forma a que sejam publicadas no nosso perfil do Facebook depois de morrermos. Para que nada fique por dizer! podia ser o slogan da coisa Uma ferramenta genial, para alguns, mas que levanta uma série de questões éticas... vejamos.

Em primeiro lugar, se a plataforma for usada para fins menos simpáticos, nem imagino a quantidade de traumas que pode vir a suscitar. Por exemplo, não seria agradável à Julieta ver uma mensagem póstuma de Romeu que dissesse "Nunca te amei, és uma chata e só andava contigo pelo dinheiro dos Capulet." Ou "A tua irmã é muito boa", ou "Fui eu que matei o teu piriquito", ou coisas igualmente escabrosas. Quero com isto dizer que há segredos que devem mesmo ir connosco para a campa... e de repente ter a possibilidade de libertar o caos na vida dos que cá ficam, sem ter de lidar com as consequências e à distância de uns quantos cliques, parece-me... errado.

Depois, temos a tão frequente questão do roubo de identidade. Ora imagine-se que a Maria Joaquina morria e tinha deixado preparada uma mensagem de amor para os seus netos. Mas ignorava o facto de que a sua rival, Maria Antónia, já tinha conseguido aceder à sua conta e alterado o texto para uma série de barbaridades... Nada bonito.

E ainda há a questão da garantia de satisfação do serviço. Quem nos pode garantir que a mensagem será, de facto, entregue e em boas condições, se o autor da mesma já não está entre nós? Segundo o que li, o site permitirá aos familiares/amigos do falecido "desbloquear" as mensagens, depois da sua morte. Mas... quem nos garante que foi mesmo aquilo que ele escreveu? E se alguém se lembra de desbloquear a coisa antes do tempo e gera o pânico entre os que desconhecem o erro?

Enfim, toda a ideia me parece grotesca, macabra, mas também é verdade que pode ser uma forma interessante de nos eternizarmos. Ou não. Não sei, o que acham?

2 comentários:

Anónimo disse...

Não deixa de ser uma boa ideia!
Como nunca sabes quando vai acontecer, pode haver qualquer coisa que queiras que se saiba mesmo que já tenhas passado para melhor "vida". Algo que seja importante para os que cá ficam.
Como é usada, cabe sempre à imaginação humana...
E quanto à credibilidade, será a que merecer...

Não será mau saber que afinal aquela pessoa com que passaste a vida toda afinal estava farto de ti. Assim escusas de fazer luto! :P

Para além disso acredito na boa vontade. As maioria das pessoas há-de saber usar isto com boas intenções. :)

N.N.

jp disse...

Detestável. O facebook já é o que é com os vivos, imagine-se com os mortos. A morte é para ser deixada em paz,a consequência óbvia da vida, o descanso merecido.

Imagina um testamento, OU O QUE FIZESSEM DELE , no facebook.

Era capaz de ser um bom negócio para escritórios de advogados e juristas... :)