sexta-feira, 24 de agosto de 2012

o triunfo dos porcos

As estruturas do nosso País estão podres, a água começa a entrar à séria, e as ratazanas estão a tentar sacar o máximo antes do naufrágio final. As notícias sobre a pseudo-privatização da RTP são mais uma prova disto, do salve-se quem puder entre os porcos engravatados que mandam no nosso País. Enquanto se atira areia para os olhos dos cidadãos, com cortes e medidas de austeridade (que não resultam e só contribuem para o afundanço geral), vão-se fazendo as privatizações necessárias para garantir que as fortunas vão parar aos bolsos das pessoas certas. Até o Parque das Nações já foi vendido ao desbarato!

Mas vejamos o negócio da RTP. Um negócio a 15 anos que, no decorrer desse tempo, dá o lucro aos privados: os ganhos com publicidade e os impostos que pagamos na nossa fatura de eletricidade passarão a ficar para eles. Só que ao mesmo tempo o negócio assegura que, findo esse período, o Estado se responsabilizará por possíveis dívidas que fiquem. 

Isto é o equivalente a dizer: olha eu criei aqui um parque de diversões, mas ficas a tomar conta. E durante esse tempo, o dinheiro que cobrares pelas entradas é todo para ti. No fim, se por acaso as coisas correrem mal, se deres cabo dos carroceis ou levares o parque à falência e contraíres dívidas, não te preocupes, que eu trato de tudo, eu responsabilizo-me por tudo. Pessoa simpática, o Estado, não? Otários.

Se eu tivesse de explicar as coisas como a uma criança de 4 anos, diria mesmo que estamos perante um ataque dos ricos contra os pobres. Os ricos querem garantir que ficam mesmo ricos até ao fim da sua vida, da dos seus filhos, netos e por aí fora. Eles querem é negócios baratos e lucrativos, em áreas essenciais, daquelas que os pobres precisam mesmo! Não importa que os pobres tenham de pagar mais para poder ir ao médico, para andar de autocarro, para comer pão ou para ver notícias que sejam verdade e programas que sejam educativos. Isso é secundário para os ricos. O que importa é que os pobres paguem aos ricos. Mais, mais e mais. 

E depois importa também que o dinheiro dos ricos fique salvaguardado pelo Estado. Sim, porque no caso da RTP pelo menos, não se trata aqui de privatizar nada. Trata-se de oferecer de bandeja um negócio aos "ricos", garantindo a intervenção do Estado se (ou quando) a coisa correr mal. Querem acabar com o Estado social, mas só para os pobres, porque os ricos o Estado deve continuar a proteger. 

Aliás, é como a questão da dívida "pública". Esse conceito só surgiu para garantir que os pobres pagam os lucros que os ricos contavam receber com o seu joguinho de Monopólio, antes de a coisa começar a dar seriamente para o torto. Não há dívida pública coisíssima nenhuma. Esse dinheiro foi inventado na cabeça dos ricos, provém de negócios virtuais (literalmente!), sem correspondência no mundo real. Mas o Estado, essa pessoa simpática, tem de garantir que eles não ficam a chupar no dedo. E assim organiza cortes e programas de austeridade para esmifrar os pobres, enquanto vende parques de diversões ao preço da chuva. Até porque assim tem emprego garantido depois do fim do mandato no Governo, provavelmente na própria administração de um dos parques que vendeu. 

E nós aqui. Otários. 


3 comentários:

Anónimo disse...

Apoiado!.............................


Pobre

meeg-el disse...

É mesmo isso! Otários!
E isto faz-me sentir tão revoltado e impotente...
Tudo o que é público neste país e pode dar algum lucro é privatizado...
Não consigo perceber como se continua a permitir este tipo de negócios, ainda por cima com as bandeiras da concorrência justa e do mercado livre...

Anónimo disse...

Estaremos a ser enganados ?

Enganados sem saber?

Todas as horas do dia?

E como é que se chama a isso?