terça-feira, 4 de setembro de 2012

o porquê da apatia

Hoje ao almoço falava-se mais uma vez sobre onde é que isto tudo vai parar e como é que as pessoas conseguem ficar tão apáticas perante o futuro negro que aí vem. Ou antes porque é que as pessoas andam apáticas. E esta é uma dúvida que tem inflamado muita gente pelas internets da vida.

A meu ver, por dois motivos: ignorância e individualismo. Para ilustrar o primeiro motivo, repare-se no caso recente do toureiro que investiu contra os manifestantes que estavam sentados, em protesto pacífico. Logo se alevantou um sem número de vozes, contra e a favor, escrevendo as mais odiosas palavras sobre o sucedido. E até ao vivo ouvi dizer da vontade que tinham em ir partir as pernas ao toureiro. 

Vemos que, no caso das touradas, a esmagadora maioria dos portugueses sabe mais ou menos onde é que se posiciona: gosta daquilo, ou não gosta daquilo. E consoante a facção, assim se insurgem os sentimentos e assim se chega (por vezes) à acção, seja por via de manifestações pacíficas ou de atropelamentos a cavalo.

Ora, no caso da Troika e da crise, as pessoas não sabem bem. Não percebem exactamente o que aconteceu, só sabem que há desemprego e que a vida está cara, mas não se interrogam sobre os verdadeiros motivos que levaram a isso. Os telejornais estão contaminados de mentiras e notícias difíceis de entender. Presume-se que "eles" têm razão nos cortes, porque nós, presumivelmente, estamos a dever dinheiro aos "outros". Não há conhecimento, logo não há sentimentos e muito menos há acção. 

Na verdade, e como ouvi dizer hoje ao almoço, enquanto houver praia e copos aos fins-de-semana, está tudo bem. Claro que a carteira começa a apertar e com a crise já não se pode comprar a roupa toda que se gostaria de ter, mas não faz mal, usa-se a mesma. Mas é o individualismo que move a minha geração, a procura do prazer imediato, em vez da capacidade para fazer sacrifícios e o incómodo, a trabalheira que seria tentar mudar um estado de coisas.

E pronto, aí estão os dois motivos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não há dúvida de que o individualismo das gerações recentes contribui para o que parece ser um estado geral de apatia. A busca do prazer como forma de estar também, mas interrogo-me se isso não foi sempre assim, talvez até tenha sido a força que nos trouxe até aqui.

Escondidos pela apatia e a resignação podem estar sentimentos e pulsões bem mais virulentos prestes a explodirem, basta uma leve ignição. As sociedades humanas encerram energias muito poderosas, telúricas, capazes de as regenerar contínuamente.

Acredito que o binómio acção/reacção acontece a cada milésimo de segundo, mas que ainda não é o tempo das coisas visíveis. Não gostava que a violência tomasse conta do assunto, mas não tenho a certeza de que essas coisas sejam de outros tempos.

O mundo e as pessoas de agora têm outros instrumentos, mais poderosos e globais do que as revoluções violentas, capazes de actuar na sociedade e com muito mais profundidade e eficácia.

Se cada um individual e colectivamente desempenhar o seu papel de cidadão, conscientes ou arrastados, a mudança é garantida. Na rua ou no computador há um enorme espaço de intervenção para ser ocupado.

Esperemos que o seja!

submarino

Anónimo disse...

Muita da apatia dos mais novos está relacionada com a vida fácil que tiveram, a super protecção na família e na escola .

Só os mais atentos ou inteligentes percebem que quando se acabar o guarda-chuva dos papás , chegará a hora de "lhes pisarem os calos". Compete a estes últimos abrir novas perspectivas, discuti-las, "trazer um amigo também".
Os mais velhos dividem-se em dois grupos - os que têm medo e os que ainda não perderam totalmente a esperança. Muitos anseiam por essa nova manhã clara. Mesmo de pantufas, lá estarão.

Pantufa

filipe disse...

concordo plenamente, um dos exemplos é o que leva a taxa de natalidade estar tao baixa é isso mesmo, hoje em dia para se ter um filho tem que se dar todos os luxos e mais alguns. há uns anos era diferente, havia mais sacrificios para se ter uma familia maior( se bem que alguns casos até demais, mas pronto).
a nossa geração cada vez menos pensa no futuro das geraçoes seguintes.
até a proxima e bo continuaçao do teu blog.
abraço