quinta-feira, 12 de abril de 2012

ditadura capitalista

O que vou aqui constatar deve ser óbvio para muita gente, mas como já disse não se pretende aqui descobrir a pólvora, apenas relembrar-vos de que ela existe. Acontece que ontem à noite não conseguia dormir de tanto pensar (não conseguir dormir a pensar na "crise" é muito bom... mas acredito que não esteja sozinha nisto) e estive quase para me levantar e ir escrever, porque até me sentia bastante mais eloquente do que agora. Mas enfim, uma pessoa ainda tem de acordar cedo para ir trabalhar graças a deus.

Acredito que vivemos um momento histórico em Portugal, embora isso só se comece a perceber de forma totalmente clara agora. Há coisa de um ano atrás, com a entrada da Troika em ação, deu-se o início de uma ditadura capitalista no nosso país. Mas desta vez, não temos um líder carismático/histérico defensor da "raça" ou dos "bons costumes". E também não temos um Estado que quer engordar, enriquecendo os governantes sob o pretexto de salvar a classe operária. Temos, sim, uma instituição poderosa, de líderes mais ou menos anónimos que querem emagrecer o Estado ao máximo e encher os bolsos, com pressões mais ou menos óbvias sobre o Governo e, em consequência, sobre todos nós. 

Tal e qual como na Alemanha dos anos 30, Portugal estava sedento de um "salvador" (por momentos pensou-se que seria Cavaco Silva LOL) que nos retirasse firmemente (e miraculosamente de preferência) da "cauda da Europa". Fomos então levados a acreditar que vivemos acima das nossas possibilidades durante anos e anos e, como tal, não havia outra hipótese senão pagar, acrescidos de juros exorbitantes, os empréstimos que nos concederam. E dissemos que sim. Mea culpa, mea culpa, mea culpa, nós pagamos.

Sob o pretexto de sermos todos cidadãos europeus honestos que pagam aquilo que devem, o Governo tem vindo a anunciar medidas assustadoras, ao ritmo de uma por dia. Doses controladas de veneno, que o povo possa engolir espaçadamente sem sentir grandes efeitos. Mas na verdade estamos entregues aos chulos, aos agiotas e aos falsos profetas. Já não vivemos em democracia há alguns meses, as decisões não são tomadas pelos governantes a favor do seu povo, mas pelos poderosos a favor do capital (leia-se do capital deles). A favor da desigualdade, do egoísmo, do salve-se quem puder, numa "seleção natural" que  envergonha Darwin, porque agora se rege pela cunha ou pelo berço.

Não sei se os membros do Governo se apercebem, provavelmente sim, não fossem eles os grandes protagonistas desta situação, mas a verdade é esta e temos direito ao pacote completo: medidas de austeridade que nos impedem os movimentos e nos atrasam o desenvolvimento em mais de 10 anos, controlo de informação (ou mesmo censura) e até polícia política.

A democracia acabou, vivemos uma ditadura. É bom que comecemos a tomar consciência disto.

3 comentários:

Anónimo disse...

É mesmo o que escreves...

N.N.

Anónimo disse...

De acordo, com pequenos ajustes de opinião pessoal. O governo sabe e já sabia, como antes dele Sócrates também sabia.


O poder institucionalizado, eleito ou imposto, é SEMPRE representativo e defensor dos interesses de uma classe seja ela qual fôr. Entre nós é agora completamente visível que interesses são defendidos, obviamente os do capitalismo global, especificamente os do financeiro.

Só um exemplo para clarificar, a Caixa Geral de Depósitos, o banco do ESTADO, financiou recentemente duas OPAS, a da Cimpor e está a decorrer a da Brisa, isto é, emprestou dinheiro para operações de carácter exclusivamente financeiro, em que não se investe nem se produz um prego.Decorre que com esta operação também não se cria nenhum posto de trabalho.Tudo isto acontece enquanto a economia real morre à mingua de crédito,com empresas a fechar todos os dias, com encomendas mas sem liquidez, problema que se resolveria com a concessão de crédito por parte da banca, com centenas de pessoas a irem para o desemprego e os contribuintes a arcarem com o pagamento do fundo de desemprego.

A banca pública e a privada, preferem operações em que arrecadam grandes lucros com juros,e em que ao mesmo tempo defendem a eternização dos interesses dos capitalistas, em detimento do financiamento da economia real, a que é verdadeiramente produtiva e capaz de gerar emprego.

O estado é o patrão da CGD, e é liquido que é quem deve definir a estratégia do banco, ainda que o governo nos queira confundir com o argumento de que não pode interferir em operações consideradas estratégicas pela administração do banco para poder concretizar os seus objectivos.

Tretas! Todos sabemos que nas em- presas faz-se o que o patrão determina, mesmo nas maiores,as administrações gerem de acordo com a vontade que os accionistas, e a CGD não escapa à regra.

Em conclusão, o que se passa é que quem está no governo tem a sua opção muito clara quanto ao interesses que defende.Defende os interesses do capital!
O exemplo da GGD é esclarecedor e paradigmático.

Geral depósito caixa

jp disse...

Concordo com o primeiro anónimo.

É uma ditadura mascarada.

Deve ser por isso que cada vez há mais "anónimos"...